Da águia ao burro que podemos ser... (Palestrante Sérgio Dal Sasso)
Dizem que a águia tem a capacidade da renovação, que quando atinge a idade de 40 anos passa por um processo de substituição da penagem, do bico, das unhas e assim consegue se manter eficiente por mais longos anos.
Isso tudo, se fosse verdadeiro, seria fantástico como exemplo a ser seguido, afinal quem não gostaria de estar no corpo de uma águia, soberana, dominante no seu meio, auto-suficiente e ser referência entre as aves de rapina. Nos não queremos ser a águia, mas o que ela representa através da sua forte identificação com o sucesso, nunca se esquecendo que sua figura está intimamente ligada a nação dos “irmãos” do norte. Sim, os do norte, que tanto conhecemos e admiramos, pois são exímios administradores do nosso destino. Afinal, nossas contas estão devidamente anotadinhas na cardenetinha deles. Ainda tenho uma esperança, pois se o tio Lula perdoou a África, o tio Sam também podia perdoar os Índios da “terra Brasilis” e assim estaríamos novamente com credito para tentar fazer a coisa certa, com um jeitinho um pouco mais objetivo, estratégico, planejado e principalmente socialmente democrático.
Meu caro homem águia! Será que você reparou que ficou muito cômodo sermos globais, pois antes éramos industria e hoje somos servidores, isso mesmo, somos especialistas em serviços e quem serve não produz e tão pouco estabelece os contatos chaves, e, portanto fazemos parte de um grupo substituível por preço.
Você sabia que sábia foi a China, que copiou tudo, reinventando-se com padrões próprios, preservando o potencial humano disponível, crescendo num PIB aritmético contra uma incrível e geométrica expansão em qualidade de vida para a sua população. A coisa toda andou tão bem que hoje tem muita gente procurando aprender Chinês ou mesmo dando uma leve puxadinha plástica nos olhos.
Nossos amigos do oriente, hoje produzem tudo, e com a incrível superioridade de quem aprendeu com a gestão dos outros, adaptando-as as suas necessidades e criando a sua forma global de ser. A China pensou simples... definiu que tecnologia é um conjunto sistêmico ideal entre maquinas e pessoas, cujo resultado final deve atender a demanda solicitada com preço e escala. Com tanta gente disponível, sofisticou a técnica do treinamento ao invés dos processos robotizados, conquistando benefícios idênticos aos padrões exigidos pelo mercado global, porém preservando e justificando os fundamentos da produção através da garantia de expansão do consumo interno, evitando a falência com sistemas previdenciários, e garantindo dignidade e utilidade ao seu povo. Os chineses não são águias, são apenas Chineses, e ainda sofrem como nós, mas não são modistas e já aprenderam que não querem tomar água a vida toda através de fontes que não são as suas.
Está chegando a hora de sermos “burros”, sim “burros”, um cruzamento nacional da nossa égua com o jumento, que nós transforma em um animal resistente, teimoso, com potencial para carregar pedras muito superiores ao seu peso, e assim estabelecer a construção de uma nação, que precisa acelerar para pela busca de nichos próprios e em acordo com que realmente identificamos como necessário para um crescimento sustentável. É pelo fato de estarmos no mundo globalizado, que devemos aprender a tirar resultados objetivos sobre as vantagens do que isso representa. Não devemos aceitar medalhas de bronze quando já demonstramos que podemos ser ouro, apenas precisamos criar estratégias para vencer o que nos impede, melhorando o que já dispomos, para garantir que nosso valor nos rentabilize até a ultima etapa, sem a intermedição de “terceiros dominantes” nas fases lucrativas dentro das cadeias dos sistemas e processos comerciais.
Aparentemente é bem melhor fingir que somos águias, pois afinal de contas sempre classificamos erroneamente as características do burro, talvez porque seja um produto “Made in Brasil”. E este é um fator histórico que nos prejudica, o da falta de credibilidade que nós mesmos damos as coisas que desenvolvemos, as lições dos outros sempre parecem ser melhores. Nasci em 1960, na minha adolescência escutava quase que diariamente a frase: “este é um País que vai pra frente”. Perdemos o trilho, não por ausência de criatividade, mas por ausência de unidade e sua natural conseqüência do ter que se virar por conta própria para garantir a sobrevivência. Não queremos mais sobreviver, precisamos garantir um futuro melhor reunindo os cacos e talentos desperdiçados para uma produção “protegida” que garanta vantagem competitiva a tudo que ainda não nós conscientizamos que somos capazes.
Sérgio Dal Sasso
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Sérgio Dal Sasso, consultor empresarial, palestrante em Administração, Empreendedorismo, Vendas e Educação Profissional
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